O Brasil alcançou uma vitória significativa na área da saúde pública ao ser reconhecido oficialmente pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por eliminar novamente o sarampo. Esta é uma conquista notável, dado que o país havia enfrentado uma série de surtos entre 2018 e 2022, o que resultou em 40 mortes, principalmente entre crianças, e mais de 39.000 casos confirmados em 2019. Esta situação crítica tornou o Brasil, de maneira preocupante, um país endêmico para o sarampo.
A eliminação do sarampo foi formalmente anunciada em 12 de novembro de 2024, durante uma cerimônia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a certificação de Jarbas Barbosa, diretor da OPAS e diretor regional da OMS para as Américas. A presença de Nísia Trindade, Ministra da Saúde, reforçou o compromisso das autoridades brasileiras em combater a reemergência de doenças que já haviam sido erradicadas do país.
Em 2015, o Brasil celebrou a eliminação do sarampo, mas a satisfação deu lugar à preocupação quando, entre 2018 e 2022, o sarampo ressurgiu com força, devido a uma combinação de fatores como as baixas taxas de vacinação e o aumento da migração de países vizinhos que também enfrentavam dificuldades com a doença. Esses fatores criaram um ambiente propício para a circulação do vírus do sarampo, desafiando a capacidade de resposta imediata do sistema de saúde brasileiro.
As autoridades de saúde identificaram que a chave para combater o ressurgimento do sarampo era intensificar a campanha de vacinação e melhorar a vigilância epidemiológica. Em resposta, o governo brasileiro, através do Programa Nacional de Imunizações (PNI), lançou a Mobilização Nacional pela Vacinação em 2023. Esta iniciativa foi crucial para aumentar a cobertura vacinal, educar a população sobre a importância da vacinação e fortalecer as capacidades dos profissionais de saúde em monitorar e responder rapidamente a casos importados da doença.
A intensificação das campanhas de vacinação em 2023 foi fundamental para combater o sarampo. O governo liderou um esforço nacional que envolveu a cooperação entre autoridades federais, estaduais e municipais, chegando a lugares mais remotos e vulneráveis do país. Essa mobilização incluiu desde campanhas educativas até a facilitação do acesso às vacinas, garantindo que fossem disponíveis e aplicadas de maneira eficiente.
Para obter a recertificação de eliminação do sarampo, conforme os critérios estabelecidos pela OPAS/OMS, o Brasil precisava demonstrar a interrupção da transmissão do vírus por um período mínimo de um ano. Além disso, era necessário provar a robustez do programa de vacinação e a eficácia dos sistemas de vigilância epidemiológica e resposta rápida. Com um esforço consistente, o Brasil não só alcançou esses objetivos, mas também se destacou, mais uma vez, como um modelo regional em saúde pública no combate ao sarampo.
O presidente Lula não deixou de enfatizar o componente social do sucesso do Brasil na eliminação do sarampo. Ele afirmou que a vacinação serve como um grande equalizador social, oferecendo a mesma proteção para todas as crianças, independentemente de seu status socioeconômico. Este é um ponto crucial, já que as doenças evitáveis por vacinação geralmente afetam de forma mais severa as populações mais vulneráveis e economicamente desfavorecidas.
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, também destacou a importância contínua de fortalecer os programas de vacinação para manter níveis adequados de cobertura vacinal. A vigilância epidemiológica deve ser igualmente robusta para identificar rapidamente qualquer possível caso importado, o que é vital para prevenir futuros surtos. A sustentabilidade de tais sistemas é agora mais crítica do que nunca, especialmente em um mundo onde a mobilidade entre países é alta e novas tensões sanitárias podem surgir repentinamente.
A eliminação do sarampo no Brasil reflete um sucesso que se estende para além de suas fronteiras nacionais. Com este feito, as Américas se reafirmam como a única região global livre de sarampo endêmico, o que é um testemunho da cooperação e compromisso entre os países da região no campo da saúde pública. No entanto, as autoridades de saúde sublinham que o trabalho não acabou. O foco deve permanecer firme em campanhas contínuas de vacinação e educação pública, trabalho essencial para manter essa vitória e evitar a reemergência de doenças preveníveis.
O Brasil, com seu tamanho continental e diversidade, serve como um claro exemplo de como uma abordagem coordenada e abrangente para a saúde pública pode surtir resultados significativos. O compromisso contínuo com a saúde e o bem-estar dos cidadãos, através de estratégias eficazes de vacinação e vigilância epidemiológica, será crucial para garantir que o sarampo, e outras doenças, permanecem no passado, como capítulos superados na história da saúde pública do país.