A possível reintrodução do horário de verão em 2024 tem sido um tópico amplamente discutido no Brasil. A medida, que adianta os relógios em uma hora durante parte do ano, visa melhor aproveitar a luz natural do dia e tem impactos diretos em diversos setores da sociedade, incluindo bancos e serviços públicos.
O horário de verão é uma prática antiga que envolve adiantar o relógio em uma hora no período de maior luminosidade do dia. No Brasil, foi instituído pela primeira vez em 1931 e sofreu várias interrupções ao longo dos anos, sendo a mais recente em 2019, quando foi abolido pelo então presidente Jair Bolsonaro. A justificativa para a abolição foi um estudo realizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que mostrou que a medida não resultava mais em economias relevantes de energia.
Com a volta do horário de verão, existem expectativas de ajustes nos horários de funcionamento dos bancos e serviços públicos. Instituições financeiras tendem a abrir e fechar mais cedo para adaptar-se ao novo horário, evitando assim inconsistências no sistema bancário nacional, especialmente no que diz respeito a compensações, transferências e outras operações financeiras. A antecipação das operações visa garantir a sincronia com o horário oficial e evitar problemas na operacionalização dos serviços bancários.
Para os serviços públicos, como prefeituras, departamentos de trânsito, e centros de atendimento ao cidadão, a mudança também implicará na reestruturação dos horários de trabalho. Estes ajustes são necessários para evitar transtornos e garantir que a população continue tendo acesso aos serviços essenciais sem interrupções significativas. Tanto órgãos federais quanto estaduais poderão divulgar novas tabelas de horário para adaptar-se à mudança.
O retorno do horário de verão é visto de maneira positiva por setores como o comércio e a gastronomia. Setores tradicionais, como bares e restaurantes, acreditam que a medida podría aumentar a movimentação de pessoas durante os horários com mais luz natural, consequentemente aumentando o faturamento. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, estima que o aumento de um período mais longo de luz do dia pode resultar em um incremento de até 15% na receita destes estabelecimentos.
Adicionalmente, Claudio Felisoni de Angelo, do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), argumenta que o horário de verão favorece as vendas e amplia as oportunidades de compra, criando um ciclo virtuoso para o setor de serviços e varejo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que o governo está avaliando a possibilidade de reinstaurar o horário de verão. Segundo ele, a medida poderia trazer impactos positivos, especialmente durante as horas de pico, entre 18h e 20h, quando o Brasil deixa de contar com a geração solar e eólica e depende mais da energia térmica.
Ele reconhece que este planejamento ainda necessita de uma organização adequada, com um período de cerca de 30 dias para sua implementação. Isso permitiria que todas as partes envolvidas, incluindo instituições financeiras e órgãos públicos, façam os ajustes necessários para evitar qualquer impacto negativo na vida cotidiana da população.
A volta do horário de verão levantou debates tanto sobre os benefícios quanto sobre os desafios que a medida poderia trazer. Embora tenha sido abolida por falta de justificativas econômicas, há setores que veem grandes vantagens na reintrodução da medida. Como em qualquer mudança que afete o cotidiano das pessoas e instituições, o planejamento e a comunicação eficaz serão fundamentais para garantir uma transição suave.
O governo deverá, portanto, acompanhar de perto os desdobramentos dessa possível mudança, garantindo que qualquer impacto seja minimizado e que os benefícios esperados se concretizem. Os próximos meses serão cruciais para entender se o Brasil voltará a adiantar seus relógios e, com isso, fazer as suas adaptações necessárias para mais um ciclo de horários ajustados.