Em 2025, o Brasil viveu uma verdadeira ondas de calor sem precedentes, com temperaturas que cruzaram a marca dos 42 °C no Centro‑Oeste e recordes de calor em Rio Grande do Sul. Segundo o Climatempo, o verão de 2024/2025 foi o segundo mais quente da história, ficando a apenas 0,05 °C do recorde de 2024. O fenômeno ocorreu apesar da ausência de um forte El Niño, indicando que outros fatores climáticos, como a La Niña e a formação de uma bolha de calor sobre o Centro‑Oeste, estão impulsionando o aquecimento extremo.
Contexto histórico e climatológico
De março de 2024 a fevereiro de 2025, a temperatura média global ficou 0,71 °C acima da normal climatológica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). No Brasil, o padrão de aquecimento tem se intensificado nos últimos anos, com o verão de 2023 já marcando a primeira vez que a média nacional ultrapassou 28 °C. O que diferencia 2025, porém, são as sequências de ondas de calor que se estenderam de setembro até outubro, atingindo praticamente todo o território.
Detalhes das ondas de calor de 2025
A primeira quinzena de setembro trouxe temperaturas acima dos 41 °C em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Tocantins. No dia 12 de setembro, a cidade de São Miguel do Araguaia, em Goiás, registrou 42,9 °C – a maior temperatura do país naquele ano.
Entre 18 e 22 de setembro, aconteceu a Onda de calor de setembro de 2025Centro-Oeste, coincidindo com os últimos dias do inverno e antecedendo o equinócio da primavera, que ocorreu em 22 de setembro às 15h19 (horário de Brasília). Durante esse período, mais de sete estados – do Sul até a divisa entre Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul – registraram máximas entre 3 °C e 5 °C acima da média para a época.
Quando o Carnaval chegou, o país enfrentava a quinta onda de calor do ano. Capitais como Brasília, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro bateram recordes de temperatura para 2025.
A primeira semana de outubro trouxe mais uma fase de calor intenso, com máximas ao redor ou acima dos 40 °C em cidades que vão de Belém (Norte) até Porto Alegre (Sul). A causa principal apontada pelos meteorologistas foi a formação de uma bolha de calor – um domo de alta pressão que aprisiona o ar quente sobre o Centro‑Oeste, impedindo a entrada de massas de ar mais frias.
Respostas das autoridades e da sociedade
Em entrevista ao Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, o governo federal reconheceu a gravidade da situação e anunciou a ampliação do Plano Nacional de Enfrentamento ao Calor Extremo (PNECE). "Precisamos agir rápido, reforçar a rede de saúde e garantir água potável às regiões mais afetadas", afirmou.
Os estados mais atingidos – especialmente Rio Grande do Sul – declararam estado de emergência e mobilizaram equipes de atenção básica para monitorar casos de insolação e desidratação. Em Porto Alegre, o programa de hidratação nas escolas foi ampliado para 12 horas, e postos de água foram instalados em praças públicas.
Além disso, o Climatempo lançou um aplicativo de alertas em tempo real, avisando a população sobre picos de temperatura e recomendações de cuidados.
Impactos e análises de especialistas
Um estudo recente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) indica que o número de ondas de calor acima de 40 °C pode dobrar nos próximos dez anos se a trajetória atual das emissões de gases de efeito estufa permanecer inalterada.
Segundo a climatologista Mariana Oliveira, da INMET, "a combinação de La Niña, alta pressão persistente e o aquecimento da superfície do oceano Atlântico cria um cenário propício para eventos extremos como os que vimos em 2025".
Do ponto de vista econômico, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que as ondas de calor podem reduzir a produtividade agrícola em até 12 % nas regiões Centro‑Oeste e Sul, impactando a produção de soja, milho e carne bovina. Já o setor de energia registrou um aumento de 8 % no consumo de energia elétrica para refrigeração durante os meses de setembro e outubro.
Perspectivas para 2026 e recomendações
Os modelos climáticos da Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que 2026 pode trazer uma nova fase de calor intenso, especialmente se a tendência de baixa atividade de El Niño persistir.
Especialistas recomendam que governos locais invistam em infraestrutura verde – como arborização urbana e telhados verdes – e ampliem programas de conscientização sobre a importância da hidratação e do uso racional de energia.
Enquanto isso, a população pode adotar medidas simples: evitar exposição ao sol nos horários de pico (às 12h‑14h), usar roupas claras, manter ambientes bem ventilados e ficar atenta aos sinais de insolação, como tontura e náusea.

Perguntas Frequentes
Como as ondas de calor de 2025 afetaram a saúde da população?
Hospitais registraram um aumento de 35 % em casos de insolação e desidratação, principalmente entre idosos e crianças. As secretarias de saúde de Rio Grande do Sul e Goiás expandiram serviços de hidratação em escolas e unidades de pronto‑atendimento.
Qual o papel da La Niña nas temperaturas extremas desse ano?
A La Niña intensificou a circulação de ar quente sobre o interior do país, reforçando a alta pressão no Centro‑Oeste. Isso fez com que o calor ficasse preso, elevando as temperaturas máximas em mais de 3 °C em várias regiões.
Quais setores econômicos sofreram mais com o calor extremo?
A agricultura foi a mais impactada, com perdas estimadas em R$ 1,2 bilhão na safra de soja e milho. O consumo de energia elétrica também subiu 8 % nas regiões Sul e Centro‑Oeste, pressionando o sistema de fornecimento.
O que o governo está fazendo para mitigar futuras ondas de calor?
Foi criado o Plano Nacional de Enfrentamento ao Calor Extremo (PNECE), que inclui expansão da rede de monitoramento, centros de hidratação e incentivos à arborização urbana. O plano será revisado anualmente com base nos relatórios do INMET.
Quais medidas individuais podem reduzir o risco de complicações?
Beber água regularmente, evitar atividade física ao ar livre entre 12h e 14h, usar chapéus e roupas leves, e ficar atento aos alertas do Climatempo são as principais recomendações para a população.
Comentários
Silas Lima outubro 1, 2025 at 22:15
É inadmissível que continuemos a fechar os olhos para a realidade incandescente que o nosso planeta nos impõe. O Brasil, que já sofreu com secas históricas, agora tem que encarar ondas de calor que ultrapassam 42 °C como um alerta vermelho. Essas temperaturas não são mero capricho da natureza, mas sim o sintoma de uma postura irresponsável da humanidade. Cada vez que desperdiçamos água ou deixamos o ar-condicionado ligado desnecessariamente, alimentamos o fogo que já queima nossas cidades. Não podemos mais aceitar que os mais vulneráveis – idosos, crianças, trabalhadores ao ar livre – paguem o preço da nossa indiferença. Os governos têm o dever de agir com rapidez, mas a sociedade civil também tem sua parcela de culpa. É preciso mudar hábitos, adotar a cultura da hidratação constante e buscar sombra nos horários de pico. A arborização urbana é uma medida simples que reduz a temperatura ambiente em alguns graus, salvando vidas. Investir em telhados verdes e em pavimentos refletivos pode ser tão eficaz quanto instalar mais geradores de energia. A educação ambiental nas escolas deve ser reforçada, porque crianças informadas crescem como adultos conscientes. Não podemos esperar que as próximas gerações carreguem o fardo das escolhas erradas dos nossos pais. A ciência já apontou que, se as emissões continuarem, o número de ondas de calor acima de 40 °C pode dobrar nos próximos dez anos. Portanto, reduzir as emissões de gases de efeito estufa não é opcional, mas uma obrigação moral. Cada cidadão pode contribuir ao usar transportes alternativos, reduzir o consumo de carne e apoiar políticas sustentáveis. Em resumo, a batalha contra o calor extremo começa dentro de nós, e a coragem de agir hoje determinará se amanhã ainda teremos um Brasil habitável.