Teleton 2025 celebra 75 anos da AACD com meta de R$ 35 milhões para tratamentos de mobilidade

Teleton 2025 celebra 75 anos da AACD com meta de R$ 35 milhões para tratamentos de mobilidade

Ao longo de 28 anos, a Campanha AACD Teleton se tornou mais que um programa de televisão: é um ritual nacional de solidariedade. Em 2025, a edição comemora os 75 anos da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), fundada em 1950, durante a pior epidemia de poliomielite da história do Brasil. A campanha, que começa em outubro e será transmitida ao vivo pelo SBT, tem como slogan: "Confiamos no futuro, confiamos em você" — e como meta, arrecadar R$ 35 milhões. Um valor que, mesmo abaixo do recorde de R$ 36,1 milhões de 2024, ainda representa o sustento de milhares de vidas.

Do vírus à esperança: a origem de uma instituição

Em 1950, o Brasil vivia o pânico da poliomielite — conhecida como "paralisia infantil". Crianças eram levadas para hospitais com membros paralisados, sem tratamento adequado. Foi nesse cenário que médicos, fisioterapeutas e voluntários fundaram a AACD, com o objetivo de oferecer reabilitação ortopédica a quem não tinha acesso. Ninguém imaginava que, sete décadas depois, a instituição já teria realizado mais de 70 milhões de atendimentos. Hoje, o foco não é mais só a polio: a AACD cuida de pessoas com mobilidade reduzida por acidentes, doenças neurológicas, sequelas de câncer, ou até mesmo por envelhecimento. A evolução é invisível para quem só vê a campanha na TV — mas essencial para quem espera na fila de reabilitação.

Os rostos por trás dos números

A campanha de 2025 não escolheu apenas um paciente-símbolo. Escolheu três: Estela Botaro, de 10 anos, que nasceu com displasia congênita e hoje caminha com órteses; Diogo Lima, de 38, que perdeu a mobilidade após um acidente de moto e voltou a andar graças à fisioterapia da AACD; e Ponciano Santana, de 77, que passou por cirurgia no quadril e, pela primeira vez em anos, consegue sair de casa sem ajuda. Eles representam a faixa etária e as causas que a instituição enfrenta hoje — e que a campanha precisa financiar.

"Os R$ 36,1 milhões arrecadados no ano passado viabilizaram cerca de 300 mil atendimentos especializados", explica Silvia Alves Paz, superintendente de Marketing e Relações Institucionais da AACD. "A doação não é só um gesto de caridade. É um investimento em tecnologia, em equipamentos, em profissionais treinados. É o que mantém as cinco oficinas ortopédicas funcionando, onde se fabricam próteses e órteses sob medida — algo que o SUS não consegue entregar em tempo hábil."

Quem está por trás da transmissão

A Campanha AACD Teleton é dirigida por Marcelo Kestenbaum, mesmo diretor da edição recorde de 2024. A equipe preparou mais de 80 artistas e influenciadores para participar das histórias dos pacientes — entre eles, os padrinhos da campanha: Celso Portiolli, Daniel, Eliana, Maisa e Virginia. Eles não aparecem só para cantar. Cada um viveu, por horas, a rotina de um paciente da AACD — desde o transporte até a fisioterapia. "É uma forma de desumanizar o sofrimento? Não. É o contrário: é humanizar a doação", diz Kestenbaum.

Empresas que acreditam no futuro

O sucesso da campanha não depende só de artistas. É preciso estrutura. E aí entram os grandes parceiros: Assaí, Bradesco, iFood, RD Saúde, Riachuelo e Wepink. Eles não só doam — promovem campanhas internas, incentivam colaboradores a doar, e até transformam lojas em pontos de arrecadação. A ABOOH e a VTV SBT garantem que os anúncios da campanha cheguem a 90% da população brasileira.

Como a sociedade participa — e por que isso importa

A doação é simples: basta enviar um Pix para [email protected]. Nada de cartões, nada de ligações. A transparência é o novo lema. Em 2024, 87% dos recursos foram destinados diretamente aos atendimentos — o restante, em logística e comunicação. Isso é raro em campanhas de longa duração. E é por isso que, mesmo com o crescimento da economia digital, a Teleton ainda é a maior fonte de financiamento da AACD. Sem ela, a instituição perderia mais da metade de seus atendimentos. Em 2024, foram 858 mil. Mais de 300 mil só por causa da campanha.

O que vem depois da transmissão

Muitos acham que a Teleton termina quando o programa acaba. Não. Os recursos continuam chegando por semanas — e os tratamentos, por anos. Uma órtese feita em outubro pode ser usada por cinco. Um paciente que começou fisioterapia em novembro pode precisar de sessões até o fim da vida. A AACD não tem um "fim de campanha". Tem um compromisso contínuo. E a sociedade, ao doar, não está apenas ajudando alguém hoje. Está garantindo que, daqui a 10 anos, uma criança com paralisia cerebral tenha acesso ao mesmo tratamento que Estela teve.

Frequently Asked Questions

Como os recursos da Teleton são distribuídos entre as unidades da AACD?

Os recursos são alocados conforme a demanda de cada unidade — que varia por região. As sete centrais de reabilitação e os cinco oficinas ortopédicas recebem verba proporcional ao número de pacientes atendidos, à necessidade de manutenção de equipamentos e à escassez de recursos públicos locais. A unidade de São Paulo, por exemplo, atende mais de 40% do total nacional, e por isso recebe a maior parcela. Mas nenhuma unidade é deixada de lado.

O que a AACD faz que o SUS não faz?

O SUS oferece tratamentos básicos, mas a AACD atua em nichos críticos: produção de órteses e próteses sob medida, fisioterapia intensiva diária, reabilitação neurológica especializada e acompanhamento psicológico contínuo. Enquanto o governo demora meses para liberar um aparelho, a AACD entrega em 15 dias. Além disso, oferece transporte gratuito e suporte familiar — algo que o sistema público quase nunca inclui.

Por que a campanha usa tantos artistas e influenciadores?

A empatia é o motor da doação. Quando um influenciador mostra seu filho ou avô em uma cadeira de rodas, ou quando um apresentador passa um dia inteiro em fisioterapia, o público não vê um caso abstrato. Vê alguém como ele. Isso transforma doação em identificação. Em 2024, 68% das doações vieram de pessoas que viram as histórias na TV — e não apenas o apelo institucional.

A Teleton ainda é relevante no mundo digital?

Mais do que nunca. Embora as doações por Pix tenham crescido 200% desde 2020, a TV ainda é o principal canal de conscientização. A transmissão ao vivo atinge 28 milhões de pessoas por noite, segundo o IBOPE. E isso gera um efeito cascata: redes sociais, jornais, rádios. A Teleton não é só um evento — é um fenômeno cultural que mobiliza o país inteiro. Sem ela, a AACD não sobreviveria.

Como saber se minha doação foi realmente usada?

A AACD publica relatórios anuais detalhados com a origem dos recursos, gastos por unidade e número de atendimentos. Também disponibiliza um sistema online onde o doador pode inserir o código da doação e ver qual tipo de tratamento foi financiado — por exemplo: "R$ 150 = 1 sessão de fisioterapia" ou "R$ 1.200 = 1 órtese de membro inferior". A transparência é parte do compromisso desde 2018.

O que mudou na AACD desde a fundação em 1950?

Na década de 50, a instituição focava em crianças com poliomielite. Hoje, atende todos os tipos de mobilidade reduzida — desde bebês com paralisia cerebral até idosos com fraturas de quadril. O número de unidades saltou de 1 para 13. O orçamento anual passou de R$ 200 mil para R$ 120 milhões. E o mais importante: a visão mudou. Não se trata mais de "curar", mas de garantir autonomia. A AACD não faz milagres. Ela faz direitos.

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